O domingo...que não volta mais
- Kellen Melo
- 22 de jun. de 2016
- 2 min de leitura

Aquela praça não vai ser mais a mesma. Muito tempo se passará e o Coreto não vai receber as mesmas crianças com o tom de alegria que existia alguns dias atrás. O vento passou mais forte e levou toda a tranquilidade que ali pairava. Gritos de desesperos podiam ser ouvidos junto do barulho da água da chuva que batia na janela do quarto e das estrondosas correntes de ar e nuvens carregadas.
A roda de conversa de velhinhos que discutia qual era o melhor time de futebol foi substituída por desabafos melancólicos das inúmeras perdas. As telhas que voaram e as árvores que foram subitamente arrancadas deram espaço para a intensa agonia do desespero das roupas rascadas.
Para quem nasceu jarinuense nunca ouviu falar naquilo, uma inquietude os tomam no porquê daquilo tudo. Placas voavam a mais de 100 km/h e ninguém sabe onde foi parar. Os filhos de José Hermenegildo, 78, estão bem, nada aconteceu, para seu conforto estavam seguros e não foram atingidos pelo fenômeno que conheceu quando era jovem na universidade.
Com os braços inquietos, Celso Machado, 78, lembra boas histórias da cidade. Das boas moças, dos comércios, das professoras que eram levadas de carroça para dar aulas, das colheitas de frutas e dos bailes da adolescência. Agora impedidos de prosseguir com um presente tão sossegado em meio aos destroços das calçadas que aos poucos vão sendo empilhados e levados embora, sentem saudade do dia que esse pesadelo não aconteceu.
Quem dera acordar e fosse só um sonho, Celson Machado, 78, tem frash sobre o que lembra do caminhão tombado e da senhora presa a estrutura de ponto de ônibus que vôo como um pássaro, mas sem asa, não está mais entre nós.
Calma, Jair Soranz, 64, tudo está sendo levantado aos poucos, todos juntos estão construindo um novo recomeço, cheio de lembranças marcantes, não de postes caídos e ruas interditadas, mas sim de muita solidariedade e apertos de mãos sinceros.
Jarinu, terra do morango, do pêssego e da boa cachaça artesanal, cidade valiosa para José Roberto, 76, em suas origens que guarda toda tradição das boas famílias. Hoje, tudo está fora de lugar, mas o coração do povo que ama onde vive, vai cuidar para ser um lugar bom e o domingo dia cinco de junho, vai ficar na memória sem muita pressa de que se volte.
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