Domingo na Paulista
- Kellen Melo
- 27 de jul. de 2016
- 4 min de leitura

Tudo não começou exatamente no primeiro dia da semana.
22h18 – Sexta-feira – O início
Gosto de convites. A palavra já me chama atenção, logo seu significado mais ainda. É prazeroso, provoca uma sensação de curiosidade com uma pitada de ansiedade, inclusive quando é para algum lugar que não se faz ideia de onde fica. Daí você imagina cores, formas e objetos, porém nada chega aos pés da surpresa que lhe espera.
Fui convidada para ir à São Paulo tirar fotos. Mais precisamente ao Beco do Batman, no domingo. O sábado do dia seguinte parecia interminável. Cada minuto era como horas. Eu tinha um casamento para ir (meu vestido de festa de três anos atrás ainda me cabe como uma luva) me produzi e fui. Já era 20h38 e nada de comida para eu encher a barriga, além dos salgados.
22h01 – Sábado – Poucas horas antes
Meu celular sem sinal e eu aguardava ansiosa a saída da festa para enviar mensagem a Paulo (esqueci de apresentá-lo, meu amigo que fez o convite, futuro publicitário, sabe fazer bolo e é fotógrafo). Já se passava das dez da noite quando felizmente cheguei em casa e consegui me comunicar, ficou tudo combinado para o domingo, às oito.
08h29- O grande dia
Paulo estava atrasado, consegui falar com Tiago, o segundo amigo (futuro publicitário, cantor e aquariano) e seguimos rumo a linha amarela, Vila Madalena. A viagem foi tranquila conseguimos ir sentados. A não ser na troca de estações com as famosas e chatas baldeações. Apesar do papo entusiasmado o tempo não passava, mas a animação deles e o clima agradável de que não iria chover me alegravam.
A chegada ao metrô nos deu a oportunidade de comer pães de queijo e a tranquilidade daquele lugar era de dar inveja quando me lembrei da triste realidade da linha 7- Rubi. O dia que minha cidade tiver esteiras que ajudam os usuários do metrô se locomover me avisa que eu quero fazer a jornalística desse milagre.
12h03 – Metade do caminho
Depois de buscas no GPS e ser confundida por uma tal de Sandra em uma cidade onde nunca havia pisado as plantas dos pés, encontramos o caminho certo para o Beco do Batman (não, o Bruce Wayne, não vive lá, lamentável).
12h23 – O encontro
O primeiro encontro é sempre o mais esperado. O coração quase sai pela boca, os olhos transbordam emoção e as palavras que é bom, somem. Dá um bug na cabeça e o estômago revira. Foi exatamente isso que aconteceu. Eram duas ruas estreitas com chão de paralelepípedo. Calçadas e desenhos por todas as paredes. Casas altas ao redor do espaço favoreciam a criação das obras pintadas por diferentes artistas. Observamos por longos minutos tudo ao nosso redor, nem a sede por água foi capaz de nos tirar a concentração ao admirar tudo por ali. Depois de ver turistas ingleses e gente desconhecida posar para fotos e vídeos, chegou a minha vez de me maquiar.
13h43 – hora de fotografar
Fazer isso é difícil. A gente acha que está fazendo cara de Gisele Bundchen, mas está bem longe dessa realidade. No entanto foi incrível se colocar nessa situação, ainda mais depois de ver o misterioso resultado das fotos prontas.
13h53 – No caminho para Sumaré
Adorei aquela cidade. Tem poesia em tudo. Nos cartazes colados nas paredes, nas calçadas, escadarias e nos sorrisos das pessoas. Comi um dos melhores pastéis de queijo com salame numa barraca de feira (único momento em que me senti em casa).
Depois que meus amigos descobriram que eu não conhecia a Avenida Paulista em São Paulo, além de vê-la em manifestações pela TV, ambos me convidaram para ir visitar.
Por volta das 16h – Na Paulista
Um convite inesperado é emoção dobrada. Gosto do novo...do inédito...do sentir saudade do que viveu, sabe? Tudo ali era como eu gosto cheio de gente de bem com a vida e o melhor cuidando da própria vida. Uma rua longa, não somente por tamanho, mas também longa repleta de histórias, de pessoas, sonhos, ideias, amores, enfim, viveres. Pessoas que estavam ali para comemorar ou sozinho para curtir a solidão, também com os amigos, familiares ou paqueras. Gente como eu ou diferente, celebravam a vida ali juntos no mesmo lugar.
Palavras me faltavam, pra que palavras? Se meus olhos já diziam tudo o que meus lábios não conseguia expressar. Então aproveitei: rodei bambolê, zumba com o Tiago, comemos lanche, tiramos fotos, fomos até a maior livraria que já vislumbrei, vi diversos grupos musicais de gêneros diferentes que me transmitiram paz e alívio por saber que muitos ainda vivem do que amam...
18h16 – Hora de voltar
Como tudo que é bom dura pouco (mentira, dura o tempo que você quiser) voltamos para casa. No caminho ríamos e comemorávamos sobre como o dia tinha sido maneiro e mágico. Enquanto lamentávamos à chegada a CPTM.
20h19 – No ônibus
No caminho de casa, respirei fundo e agradeci por ser quem eu sou e conhecer pessoas verdadeiras que assim como eu vivem para ser felizes e aproveitar os dias calorosos ou de chuva.
22h07 – Fim do dia
Com a cabeça já no travesseiro fechei meus olhos e sorri com o coração contente e satisfeito por naquele domingo receber um dos melhores convites do mundo, convite para a felicidade.
P.S.: Foto de Paulo José
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