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Doce companhia

  • Kellen Melo
  • 16 de out. de 2016
  • 2 min de leitura

Têm dias que eu só quero acordar e me entregar na solidão. Esquecer do mundo e das pessoas a minha volta. Não lembrar daquela paixão de verão, nem daquele que estragou o que eu enxergava de melhor no amor.


Quero ser minha própria felicidade, olhar no espelho velho e sorrir por ver o meu próprio sorriso. Poder me tocar e sentir minhas veias levantadas, o formato dos meus ossos, o tamanho das unhas, o arrepio da pele e as linhas sinuosas do meu corpo.


Arrancar a blusinha nova, sem pressa, assim como faço com meu sutiã marrom velho nada excitante e a saia rodada xadrez chutando com os pés para longe. Quando alcanço a maçaneta deixo me levar pela pureza do som da minha voz que assovia como um sabiá. Ligo o chuveiro num instante. Deixo a água que aos poucos de gelada se torna morna, cair em minha nuca, nua.


Passo shampoo nos cabelos, acaricio cada milímetro das madeixas que caem sob meus ombros e deixa mais bonita a paisagem das gotas que escorrem de água do vapor na parede. Parecem poesias dançantes que se mistura ao som das buzinas dos carros importados e antigos que ouço da janela do quarto cor de rosa e da música 'Gente' de Caetano Veloso, que toca no rádio de pilha de 1993.


Que satisfação é estar sozinha, sendo a minha própria companhia. Sem ter dúvida ou medo do que possa me tirar do sério. Aqui não há certo ou errado, sou eu quem dito as regras. Nesta valsa do sabonete em meu corpo que dança a cada toque meu e se torna escorregadia a todo instante, estou livre e sonolenta.


Desligo o chuveiro. Coloco a toalha que bordei meu nome na cabeça. Sem hesitar, a passos lentos e saborosos, pego o livro na cabeceira da cama, mas desisto. Apenas apago as luzes, me deito, veemente fecho os olhos e relaxo os membros inferiores e superiores ao tocar o colchão macio.


Hoje, eu sou mais eu do que ninguém é para mim. Nada mais importa, além de mim. As horas voam e eu continuo me querendo, me entregando, me sentindo dona; esqueço tudo a minha volta e me doo, me entrego e desejo que tudo ali pare no tempo. Sou mais eu, por mim e mais ninguém.





 
 
 

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