Era do super like

Deu super match começa a conversar. Depois do Oi, como vai? Animados decidem trocar números de telefone. Agora o papo é no WhatsApp. Descobre a idade, se tem cachorro, se tem filhos, se fuma, qual o signo, o que estuda e trabalha.

Sabe os gostos musicais, se tem ou não faculdade, e o que costuma fazer nos finais de semana. A conversa flui, mas logo ele pergunta como você está vestida e nesse calor, claro, com pouca roupa. Ele pede uma foto, você envia e os elogios surgem. Marcar de ir ao cinema? Pra que? Vamos para um lugar mais discreto. Uma praça durante a noite ou melhor cola aqui em casa meus pais não estarão amanhã, dá pra gente se conhecer melhor.

Papo vai e vem, nem 20 minutos de proza, estão grudados um no outro. Beijos e a abraços intensos, um querendo apalpar mais carne do outro. A mão boba corre solta e ambos saem satisfeitos do local.

O cara quer mais, a garota recua. Deu horário do ônibus. De volta à realidade, é noite e acaba.

No outro dia, ninguém manda mensagem. Um espera ao lado do celular um provável "adorei" enquanto o outro já está dando match com mais um/uma. Todos os dias com a facilidade de conhecer pessoas por redes sociais ou sites de relacionamentos ficou mais fácil dispensar ou pegar alguém.

Ninguém precisa mais ter que dar explicações. A era do super like é essa: u fico se quiser e vou até onde der vontade. Não estou curtindo mais?Escolho outro e outros. E o sentimento? Pra que isso? A gente se fode tanto por gostar e não ser correspondido; às vezes até é isso, mas acontece que a validade do amor têm horas que acaba e na maioria das vezes a data não é a mesma para ambos e aí as pessoas sofrem, assim, saem repetindo a mesma sequência outra vez e outra e mais uma.