Daiane Dos Santos não abandonou o esporte
- Kellen Melo
- 27 de nov. de 2016
- 4 min de leitura

A ex-ginasta Daiane Dos Santos foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro em um Mundial de Ginástica. A gaúcha de 33 anos anunciou sua aposentadoria em 2012, após detectar nova lesão nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Agora, atua como comentarista da modalidade pela Rede Globo, e é criadora do projeto que atende centenas de crianças, o Brasileirinho. Em entrevista exclusiva para O Jornaleiro, a atleta fala sobre sua nova vida longe das competições, família e lembranças.
Você ainda faz ginástica fora das competições?
Às vezes eu faço. Hoje, é mais difícil eu treinar porque eu estou viajando muito e fica mais complicado. Tenho empresa há mais de dez anos, então presto serviço, faço workshop, palestras, treinamento com professores, além das viagens por causa do trabalho como comentarista na Globo, pois normalmente é no Rio de Janeiro e tem que ir até lá. Mas sempre que tenho uma folga, faço ginástica.
Nas Olimpíadas Rio 2016, como foi para você Daiane, ser torcedora? Teve algum momento em que se identificou?
Como torcedora acho que foi bem difícil. Tive a sensação de entender o que as pessoas sentem e sofre.Ver todas as meninas que estavam ali na disputa fez passar um filme na minha cabeça. Como no caso da Rebeca, a Lolo e a Flavinha, primeira competição delas, traz momentos de lembranças, não tem como não recordar, ver elas ali disputando.
Momentos de aflição também, como no caso da Jade Barbosa, quando ela se machucou, fiquei muito nervosa e apreensiva. Nós temos uma ligação que vai além de ser colegas de treino, somos amigas. Tudo que acontece ali nas competições, eu sei o que estão passando, a dor, a felicidade e a empolgação.
Você se sente satisfeita com a sua carreira?
Sim e bastante. Ganhei tanta coisa com a ginástica, comecei tão tarde com 11 anos, vi garotas tão boas quanto eu treinando e não chegaram a ir para três Jogos Olímpicos, inclusive ser campeã mundial, fico muito feliz. Tenho uma concepção de que tudo que é para ser é, se é para acontecer, acontece. Apenas tenho que agradecer a Deus por tudo que me deu, na carreira, dentro e fora do esporte.
Qual é o futuro da Daiane?
Quero muito casar, ter filhos e construir uma família. Agora vai ficar mais difícil, me separei ano passado, tenho que arrumar um novo namorado (risos).
Não sei muito do futuro, mas tem coisas que quero que continue acontecendo como o projeto Brasileirinhos que está muito bacana, que sempre foi meu sonho ver crianças
fazendo ginástica. O que quero é que tenha ginástica no Brasil todo, que todos possam ter a mesma oportunidade que tive de vivenciar a ginástica artística. Não somente para serem atletas, mas para terem experiência do esporte.
Com 11 anos, você teve a mesma oportunidade com o esporte, como as crianças do projeto Brasileirinho?
Tive sim e uma das ideias de eu criar o projeto foi por causa disso. Vim de um projeto social, comecei em um Instituto público em Porto Alegre, o centro de treinamento. O objetivo do projeto é retribuir o que eu ganhei com o esporte. Como eu tive a chance de descobrir o meu talento, quis fazer com que outros jovens também tivessem.
Como enxerga o cenário do esporte no Brasil, inclusive em cidades do interior?
São Paulo tem o esporte muito forte, tem Jogos Regionais, Jogos Abertos entre outros. Claro, que faltam oportunidades para muitas pessoas, mas acredito que o Estado está muito bem servido na área esportiva.
Toda vez que eu vou ao interior, vejo jogos lotados, muita criança e jovem fazendo ginástica, fico contente com o investimento, porque o esporte não é apenas para ganhar medalha, é uma ferramenta educacional; serve para ter diretriz do respeito, hierarquia, trabalhar a autoestima, ajudar o introvertido, enfim uma melhor qualidade de vida.
Como é sua vida após a aposentadoria, desde 2012?
É bem agitada, porém estou numa fase muito bacana. Consigo viver mais o Brasil, estar mais perto das pessoas, do esporte, visitar escolas, adoro trabalhar com a educação. E agora, ter a nova carreira como comentarista, agora só falta filho e marido (risos).
Deixe uma mensagem para quem gosta de ginástica.
Para as crianças quegostam do esporte, que elas peçam para os pais deixar elas a praticar. Às vezes elas têm vontade, mas os pais não conhecem muito sobre a modalidade. Tem aquela questão de pensarem que quem pratica ginástica fica baixinho, não é verdade, se o pai e a mãe tiverem 2 metros, é impossível o filho ter um 1,50 metros, é muito difícil isso acontecer, quase impossível (risos).
Então deixe o filho fazer ginástica. Deixe a criançada curtir o esporte, não apenas para ser atleta, mas para ser feliz. O primeiro passo é esse, a criança querer, e nisso o papel da família é o de incentivar. Esporte é qualidade de vida, com certeza.
NOTA
Realizei essa entrevista com a ex atleta olímpica para o jornal laboratório da faculdade, O Jornaleiro. Foi um momento único e importante na minha vida profissional, por isso achei essa entrevista digna de estar no blog.
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