Importância que se dá

Que difícil está sendo encontrar algo para escrever. Paro. Penso. Paro mais um pouco e nada. Precisa ser algo atual, que esteja na mídia. 

Mas não pode cair na mesmice. Tem que ser novo, único e minha pauta.

Deve que ter personagem, fontes stars, e ainda ser uma exclusiva cujo meu gravador de áudio será um tesouro até chegar em casa para redigir o texto.

A escrita deve ser clara, objetiva, sem viagens e parágrafos longos. Com técnicas de SEO para alcançar muitas leituras.

E a foto, de um ângulo diferente com um edição impecável. Com o celular na mão, bloco de notas aberto, oscilo em escrever e pensar no que vem na próxima linha.

Não há vaidade alguma, apenas a sutileza de encontrar palavras apropriadas para chegar ao fim dessa escrita. Então, vou contar uma história. Não tem super herói nem capa dourada, mas há a alegria de Joana, mulher, paulista, mãe de Odete (6) e Eder (11).

Com 44 anos, nunca foi ao cinema, já bebeu cerveja e gosta de amendoim que vende no trem. 

Trabalha como auxiliar de limpeza numa empresa no interior de São Paulo e gasta boa parte do salário com aluguel.

Todo dia quando Joana chega em casa, seus dois filhos correm para abraçá-la.

Pegam as sacolas e as ajuda colocar os pés sob o sofá.

Antes de tudo, ela prepara a janta e já deixa o feijão de molho para a próxima manhã, que ali em breve se encontra.

A mulher, feliz, recebe o beijo do marido e o sorriso das crianças. Agora, o chuveiro desliga, a luz se apaga e o despertador é acionado para 5h da manhã. E aí você pergunta, qual a relação de Joana com minha crônica que devo entregar antes das zero horas no deadline, mas não segue o patrão esperado?

- A certeza de que não importa onde, quando e como, sempre haverá alguém que a espera para ler, abraçar, interpretar, refletir ou amar. Tudo tem sua importância!