Tão inocentes quanto imaginamos
- Kellen Melo
- 7 de ago. de 2017
- 2 min de leitura

Por esses dias o dente de leite da minha prima de sete anos caiu. A pequena, como de costume, colocou ele debaixo do travesseiro e aguardava que pela manhã a fadinha levasse alguns trocados a ela.
Dito e feito, ao nascer do sol suas moedas já estavam por lá. Apenas algo intrigou a garota. Por que a fada não levou o dente?
Crescemos acreditando que a caminho da puberdade e na vida adulta perdemos a inocência. E assim como aconteceu com minha prima, deixamos de acreditar em tudo e passamos a não ser “enganados” pelos outros.
Mas será que realmente deixamos de ser passados para trás como a criança que agora sabe que as fadas estão apenas nos filmes?
Crianças são inocentes por natureza e acreditam naquilo que ouvem de quem confiam. E os adultos, por que acreditam no que leem ou ouvem e quando ninguém espera são esfaqueados pelas costas? Será que é falta de informação? Acredito que não. Segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia, 95% dos lares brasileiros têm TVs, além de existir mais celulares no mundo do que pessoas, dá para saber se amanhã vai vir uma frente fria e será preciso levar um casaco para o trabalho. Será que é preguiça de entender o que se houve? Não, quem não gosta de ouvir uma boa novidade?
Ou será inocência?
A inocência, palavra que vem do latim innocens, inofensivo, está impregnada em nós, mesmo que não queremos. Os últimos acontecimentos com escândalos de corrupções e reformas deixam claro que, às vezes, somos tão ingênuos quanto imaginamos. Por mais que estejamos atentos e conectados 24h, somos surpreendidos.
E para que a vida não nos pegue de surpresa com mágoas que deixam marcas mais irreversíveis do que tatuagens com nomes de ex-namorados, deixo uma dica. Viva com a inocência de uma criança, mas com sabedoria: sem culpas, sem rancores, espontâneas e sonhadoras, aproveitando a volúpia do momento; como, Nietzsche, já disse: somente as crianças podem somar novos valores e, assim, proporcionar extraordinários momentos de alegria e se tornar um adulto que acredita em fada do dente.
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