O espetáculo
- Kellen Melo
- 16 de jul. de 2017
- 2 min de leitura

Meu coração parecia um ensaio de escola de samba. Minhas mãos suavam mais do que toalha molha. Meus olhos brilhavam mais do que farol de caminhão na Bandeirantes/SP durante a noite.
O grande dia havia chegado. Foram cinco meses de preparação e dedicação para o grande espetáculo: Burundanga.
Ano passado, 2016, iniciei o curso básico de teatro. Apesar de que eu já tivesse contato com essa arte quando adolescente em projetos sociais, foi a partir desse curso que tive minha primeira apresentação em cima de um palco de verdade (logo descobri que não precisa exatamente de um palco para fazer peças teatrais). Durante o curso, tive três apresentações públicas. Na primeira era uma cena que acontecia num lixão e éramos catadores de latinha; na segunda, criei o roteiro nas férias e a história se passava no século 19; e a terceira era uma comédia baseada num programa de TV.
Todo essa experiência me fez criar um afeto pelo teatro e ao longo do tempo decidi me inscrever no módulo avançado. E não é que deu certo? O dia vai ficar marcado: 7 de julho, sexta-feira, 2017, às 20h, data em que amei ser uma atriz de verdade. Sempre admirei as peças dirigidas pelo professor Cleber Lima e estar no palco com sua orientação foi de extrema alegria.
Mas enfim, todo esse tempo de estudo me fez aprender a criar minha personagem; seu nome é Mateúsa. Era nela que eu me transformava toda vez que entrava em cena. Uma jovem romântica e ousada que acreditava no amor, mas que tem suas ambições por dinheiro. Neste estudo aprendi sobre exploração infantil porque a personagem foi vendida a um circo de periferia pelo seu irmão gêmeo e passou a vida lavando jaula de elefante cagão. Estudei sobre o cenário atual do país, comicidade, preparação de voz e corpo, porque era importantes para a produção da peça épica que é adaptação livre do texto de Luiz Alberto de Abreu e fala sobre disputa de poder por meio de uma comédia popular, que dois amigos se metem em muitas confusões quando se passam por militares.
Dividi a mesma personagem com duas amigas: Luci e Mônica, meninas que me ajudaram muito, assim como minha mãe e irmã com suas dicas e ensaios para eu decorar o texto com minhas falas e deixas.
Lembro-me como se fosse hoje. No ensaio dei uma engasgada, mas motivada e confiante eu tinha que fechar com chave de ouro e mostrar o que aprendi com excelência. Dito e feito. Com rostos pintados e figurino no corpo, respirei fundo e com toda destreza subi no palco e brilhei. Dei o meu melhor e arranquei sorrisos de amigos e toda minha família que pode estar presente.
E o que mais me deixou feliz foi ouvir o som dos aplausos e do meu coração saltitando felicidade por ter mais uma fase concluída.
P.S. Agora o teatro vive em mim!
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